A preguiça como explicação da inatividade física: comentários e reflexões sobre discrepâncias entre as evidências científicas e o discurso jornalístico
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Autor(es): Loch, Mathias Roberto ORCID ; Guerra, Paulo Henrique
Este ensaio busca apresentar elementos para a reflexão sobre discrepâncias
entre as evidências científicas produzidas a respeito dos fatores associados e
determinantes da inatividade física e as informações que são passadas pela
mídia a respeito desse assunto, mais especificamente em um caso em que a
“preguiça” foi utilizada como fator “explicativo” para os elevados níveis de
inatividade física na população brasileira. Utilizamos, como exemplos, um artigo científico publicado na Nature e duas reportagens veiculadas em canais
de comunicação brasileiros de grande alcance (revista Veja e jornal O Globo), que o repercutiram. Foram observadas importantes incoerências entre o
conteúdo do artigo da Nature e os títulos das reportagens analisadas, de forma
que essas simplificaram um problema real e complexo (os altos níveis de inatividade física no Brasil), dando a entender que a “preguiça” seria o motivo
para o Brasil estar mal posicionado em um ranking internacional de prática
de atividade física. Destacamos a necessidade de os meios de comunicação em
massa buscarem uma melhor contextualização das informações que repercutem, pois, quando isso não ocorre, o impacto pode ser mais negativo do que
positivo, principalmente quando constroem ou reforçam concepções equivocadas. No caso da inatividade física, isto é potencialmente grave no sentido de
que pode legitimar a falta de investimentos em ações voltadas ao seu enfrentamento, pois, uma vez que a inatividade física passa a ser interpretada como
uma mera questão de “preguiça”, perde-se boa parte do sentido de se investir
na modificação de diversos determinantes desse problema de saúde pública.
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