A soberania do visível: como a memória traumática se torna estresse traumático
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Autor(es): Ferreira, Ramón Reis dos Santos ; Ortega, Francisco .
Desde o lançamento da terceira versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III), a psiquiatria biológica vem sistematicamente aplicando seu raciocínio classificatório a fenômenos sociais de
múltiplas naturezas. Nessa perspectiva, ganha relevância o discurso do trauma, pelo qual acontecimentos de magnitude devastadora passaram a receber
interpretações neurocomportamentais e foram, finalmente, reconhecidos menos por seus impactos culturais e subjetivos que pelas alterações fisiológicas
que propiciam. Apoiado em revisão narrativa, este artigo procurará explorar
a transição da racionalidade traumática entre o século XIX, quando o trauma
fora concebido em associação ao conceito cognitivo de memória, e o século XX,
quando finalmente esse fenômeno foi anexado à pesquisa neurocientífica do
estresse. A pluralidade de modelos conceituais e paradigmas determinísticos
pode contribuir para que a pesquisa do trauma produza protocolos de enfrentamento multifatoriais mais adequados à experiência humana do sofrimento
pós-traumático.
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