AS NEBLINAS DE DIADORIM
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Autor(es): Claudia Campos Soares
Um aspecto de Grande sertão: veredas que tem sido pouco observado pela crítica diz respeito à utilização de estratégias que criam o efeito de suspense na narrativa. Riobaldo, o narrador-protagonista do livro, faz seguidamente afirmações descontextualizadas e ou vagas, sugerindo, ou mesmo afirmando, que elas se referem a acontecimentos determinantes de sua vida. Ao modo das narrativas de suspense, portanto, Riobaldo propõe mistérios e adia o seu esclarecimento. É o que ocorre em relação a Diadorim. Durante praticamente toda a narrativa, o ex-jagunço aponta comportamentos inusuais de seu companheiro dos tempos de jagunçagem e insinua, ou mesmo explicita, que este escondia segredos insuspeitáveis, de que só tardiamente teria tomado conhecimento. E promete que esses segredos serão revelados oportunamente. Esse suspense criado em torno da figura de Diadorim encontrará, ao final do livro, algum tipo de revelação, mas muito relativa. O esclarecimento oferecido não satisfaz o desejo do entendimento pleno, não fecha a questão; ao contrário, traz novas perguntas e mistérios. Este trabalho propõe-se a discutir alguns aspectos dessa estratégia e suas possíveis funções na narrativa.
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