CIBERESPAÇO É A NOVA PANACEIA DA DEMOCRACIA?
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Autor(es): Azevedo, Daniel Abreu de
Brule, David Melo van den
É comum encontrarmos em trabalhos que possuem a democracia como objeto de análise, especialmente na Ciência Política e na Sociologia, a internet como possível arma para superar os dilemas da democracia representativa. O objetivo desse artigo é ir na direção contrária, isto é, em um contexto contemporâneo marcado pela defesa de uma democracia digital, aqui reforçaremos a ideia de que a democracia se faz primordialmente na materialidade dos espaços políticos, especialmente em escala local. Demonstrar-se-á, a partir do estudo de caso de Juazeiro do Norte (CE), de que modo a democracia se constrói em espaços geográficos que existem fisicamente no mundo sem os quais o sistema democrático seria fortemente afetado. Para tanto, o artigo utiliza informações compiladas sobre a cobertura de rede móvel e de participação eleitoral e, posteriormente, dados primários e secundários sobre Associações (definidos na discussão teórica como espaços políticos limitados) presentes no município. Baseado na discussão de Dalton (2017) sobre o que denomina “hiato socioeconômico na participação” (sizeable socio-economic status participation gap) e nas discussões contemporâneas da Geografia Política sobre espaço político, o artigo revela a ilusão da democracia digital em um território desigual e sugere que o fosso existente na participação política entre os cidadãos no Brasil não será combatido priorizando o ciberespaço, mas sim, deve-se reforçar e revalorizar os espaços políticos em diferentes escalas, respeitando as diferenças socioespaciais existentes no território brasileiro.
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