COMPLEXIDADE MORFOLÓGICA E CUSTOS DE PROCESSAMENTO LEXICAL
Licencia: Creative Commons (by)
Autor(es): Alina VILLALVA
Carina PINTO
Embora muitas palavras sejam formadas por mais de um constituinte morfológico,
nem todas são habitualmente consideradas palavras complexas. No quadro da análise
morfológica do Português, o conceito de ‘palavra complexa’ divide as palavras formadas
por um radical, um constituinte temático e, eventualmente, um ou dois sufixos de flexão,
das palavras formadas por estes mesmos constituintes e ainda os que são trazidos pelos
processos de derivação, modificação ou composição. Esta distinção é redutora porque todas
as palavras contêm algum grau de complexidade, mas não há instrumentos de análise que
permitam medi-la. Procuraremos contribuir para a discussão da avaliação da complexidade
das palavras com base em dados do processamento da leitura. A literatura apresenta diversas
descrições que mostram que a estrutura morfológica desempenha um papel importante no
processamento visual. Neste trabalho procuraremos encontrar novas evidências, testando
hipóteses relacionadas com a composicionalidade das palavras. Usamos os métodos de
priming morfológico e decisão lexical sobre três conjuntos de derivados em –oso: o primeiro
é formado por estruturas composicionais, o segundo é constituído por palavras onde ocorre
um alomorfe do sufixo e o terceiro contém palavras onde ocorre um alomorfe da forma de
base. Os resultados obtidos confirmam que o processamento das palavras derivadas é sensível
à sua estrutura morfológica e mostram também que as estruturas composicionais envolvem
menores custos de processamento. Estas evidências permitem-nos propor critérios a ter em
consideração na avaliação da complexidade das palavras.
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