Desagregando a mediação: tecnologias e atmosferas religiosas
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Autor(es): Reinhardt, Bruno
A primeira vez que encontrei esta inusitada expressão – máquina
de oração – foi durante minha pesquisa de campo em Gana, centrada na
pedagogia religiosa de ministros pentecostais. Seu referente, no entanto,
não era nenhuma máquina propriamente dita (Blanton 2016), mas um
homem, um profeta popular, que eu chamarei aqui de Ato, e cujas técnicas
e tecnologias de oração me ajudarão a refletir sobre a relação entre o
orgânico e o mecânico nesta espiritualidade. Conheci Ato quando visitava
a Escola de Excelência Profética, uma escola para pastores localizada
na vizinhança de Lapaz, Acra. Ela atendia a um pequeno grupo de dez
alunos, em sua maioria ministros aprendizes interessados em “afinar” suas
dádivas proféticas ao “sentar-se sob os pés” de ministros mais experientes.
As atividades incluíam aulas sobre o chamado e a missão dos profetas,
um constante compartilhamento de testemunhos sobre modos próprios e
impróprios de se profetizar e um grande número de sessões de oração, tanto
dentro da igreja onde nos encontrávamos quanto em retiros localizados na
região metropolitana de Acra, como a floresta Achimota e a montanha Akoko.
A escola organizava encontros diários por três meses, um período em que
estudantes, instrutores e antropólogo deveriam jejuar entre o amanhecer e
as 6 da tarde e manter-se sexualmente abstinentes.
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