Em busca da terra sem males: violência, migração e resistência em Kaká Werá Jecupé e Eliane Potiguara
Licencia: Creative Commons (by-nc)
Autor(es): Danner, Leno Francisco ; Dorrico, Julie ; Danner, Fernando
O artigo tematiza a literatura indígena brasileira produzida a partir da década de 1990, em especial nas
obras de Kaká Werá Jecupé e de Eliane Potiguara, por meio da relação de violência histórica, migração
forçada, ameaça de perda de identidade e luta política enquanto núcleo e mote dessa mesma literatura de
autoria indígena. O argumento central a ser defendido está em que esses/as escritores/as são
profundamente moldados/as e impactados/as pela violência simbólico-material a que foram
submetidos/as em termos de nossa modernização conservadora, de modo que o medo da morte, a dor
pela perda de seus territórios e pela negação de sua identidade cultural, a lembrança saudosista e
melancólica da destruição de seu lar e dos seus, bem como a migração forçada, o não reconhecimento e a
invisibilização sociais, a fome e a miséria vividas nas periferias da cidade, levam à construção de um relato
autobiográfico, testemunhal e mnemônico da sua singularidade étnico-antropológica e da violência
colonial que possui um sentido altamente político e politizante, profundamente carnal, pungente e
vinculado. Desse modo, o que se pode concluir da leitura e do estudo da literatura indígena brasileira é
exatamente esse sentido político que ela assume em termos de crítica social, resistência cultural, luta
política e práxis pedagógica, uma literatura que sai da ficcionalidade e assume exatamente o papel de
crítica, produzida pelas vítimas por si mesmas e desde si mesmas.
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