Érico Verissimo: cartas da União Pan-Americana 1953-1958

Hoje, com as facilidades da Internet, a troca de mensagens se tornou instantânea. O estilo da comunicação mudou muito, se pensarmos em tempos sem Internet, e é mais sintético, pressupondo e subtendendo muito do que não é dito. Parece-se com as conversas que se travam presencialmente. A arte da correspondência anterior aos avanços da informática era mais demorada e cuidadosa, quando não mais profunda. Se a comunicação digital é veloz e breve, afetando o pensamento e a redação da carta, a troca de correspondência em
papel traduz o vagar, a concentração do sujeito sobre a mensagem do seu correspondente, a manifestação não só de ideias mais desenvolvidas e argumentadas, mas de sentimentos mais transparentes.
A carta em papel se transforma hoje não só num documento oficial – no caso de cartas que necessitam assinaturas para serem aceitas em empresas e entidades da esfera pública – mas num registro vivo de memórias pessoais do passado, em que se relatam fatos, avaliações, desejos, pressentimentos, ordens, e dos momentos de uma história de vida tornados permanentes por intermédio da escrita, quando conservada para a posteridade.

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