Figuras do constrangimento: As instituições de Estado e as políticas de acusação sexual
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Autor(es): Fernandes, Camila
O artigo explora como se arquiteta um discurso de acusação em torno da sexualidade feminina “irresponsável” no interior de instituições públicas. A discussão parte de etnografia realizada em creches públicas situadas num complexo de favelas da Zona Norte (RJ). Apresento as principais etapas de acesso às vagas na instituição, assim como as estratégias mobilizadas pelas famílias para conseguir uma vaga. Acompanho de que maneira algumas situações são conduzidas a partir de uma pedagogia do constrangimento, nas quais “esporros” públicos configuram um campo de tensão entre funcionárias e mulheres usuárias dos serviços. A relação entre mulheres é marcada pela ambivalência de uma ação administrativa que, ao mesmo tempo em que acolhe as demandas pelo cuidado das crianças, é feita de censuras e constrangimentos morais. Ao final, discuto a presença de um Estado feminino, uma ação que mescla qualidades de cuidado ao lado de expedientes de cobrança e responsabilização.
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