LAZER E FAVELA: o Morro do Timbau e seu Arraiá da (Re)existência
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Autor(es): Diogo Silva do Nascimento[1] Lourenço Cezar da Silva
A Favela da Maré é um bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro com cerca de 140 mil habitantes, localizado no coração das principais vias da cidade. O bairro é conhecido pelas narrativas sobre violência e pobreza divulgadas pela imprensa de forma constante há muitas décadas. Em 1978, a região também ficou conhecida como “o fim do mundo” depois de um artigo do Jornal do Brasil com o título:” Favela da Maré: aqui é o fim do mundo”. Essas narrativas oficializadas sobre a região imperam como obstáculos aos moradores, que continuam a serem estigmatizados e excluídos socialmente. No entanto, buscando entender este território para além da violência e narrativas pejorativas. O presente artigo é um desdobramento da tese de doutorado “Maré de Lazer: construções, sociabilidades e significados dos lugares de Lazer no Morro do Timbau que buscou investigar as histórias dos espaços de lazer a partir das memórias e registros dos moradores. O trabalho analisou a maneira como se configuraram as memórias locais, sociabilidades e identidades tecidas através das experiências fomentadas em uma das primeiras festas registradas na região (Arraiá do Bico Mudo), indicando como os moradores buscaram resistir em um território marcado historicamente pela precarização e abandono do poder público, típico de tantas periferias pelo país. Destaca-se, nesse processo, o empenho de grupos no uso e construção de espaços de lazer marcados por relações afetivas. Além disso, o trabalho também investiga as formas como foram tecidos os arranjos coletivos, tais como os laços de amizade, conflito, territorialidade e resistência a partir da vivência e construção do “Arraiá”. Esta pesquisa utilizou a abordagem qualitativa por meio de entrevistas narrativas, análises de fotos e documentos. Com isso, a tese aponta para a importância em dar visibilidade às experiências que contestam o estigma do bairro apresentando uma narrativa que valoriza as afetividades, as sociabilidades, as memórias e as construções identitárias construídas partir do lazer.
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