Massa por Argamassa
Editorial: Taylor & Francis
Licencia: Creative Commons (by-nc-nd)
Autor(es): Schaafsma, Petruschka
"Massa por Argamassa apresenta uma exploração profunda de um dos maiores ilusionistas da literatura, Jorge Luis Borges. Seu conto “A Biblioteca de Babel” é um exemplar ilustre de sua capacidade lúdica, embora não somente devido ao mundo invertido que nele é imaginado, no qual uma biblioteca, que supostamente contém todas as combinações possíveis de todas as letras, palavras e livros, é vasculhada por bibliotecários devotos em busca de verdades divinamente pré-fabricadas. Pois também é preciso lidar com a ironia da narração de Borges, que constantemente põe em xeque as afirmações do narrador sobre a universalidade da biblioteca, incluindo a própria possibilidade de exaurir os significados possíveis através de um processo combinatório. Borges direcionava seus leitores para sua obra de não-ficção para que descobrissem o verdadeiro autor da ideia da biblioteca universal. Mas seus ensaios supostamente históricos são notoriamente repletos de referências falsas e contradições. Seja na verdade ou na ficção, Borges nunca atinge uma conclusão estável sobre as premissas atomistas da biblioteca universal – seria possível encontrar um conjunto de caracteres capaz de expressar todo o significado possível, ou estariam essas letras, assim como suas histórias e ensaios, se multiplicando e dividindo em uma incompletude incansável? Embora muitos leitores de Borges o veem como um presságio de nossas tecnologias digitais, eles muitas vezes dão crédito demais a nossas invenções ao fazê-lo. Aqueles que elidem a necessária incompletude da Biblioteca de Babel a comparam com a Internet, assumindo que ambos seriam arquivos totais de todo o pensamento e expressão possíveis. Embora as imaginações de Borges tenham contribuído para a criatividade digital (libraryofbabel.info é certamente uma evidência disto), elas o fazem demonstrando a necessária incompletude de todos os projetos totalizadores, independentemente de seu refino tecnológico. No final, Basile guia os leitores em direção à ideia de que uma exposição fictícia/imaginária possui certo poder sobre a tecnologia."
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