Microscopias: docência-pesquisa em exercício-tradução

Uma guerra civil global e fragmentária nos avizinha, ou melhor, nos atravessa cotidianamente. Não mais é possível imaginar nenhuma ordem geopolítica mundial que nos dê formas de perspectivar a vida como se pudesse ser vista longe dos conflitos, em um mundo emancipado das violências e da exploração, pois a guerra — esta incômoda presença— tornou-se infinita. A guerra global fragmentária de nossa época se estende por toda
parte e tem suas raízes no legado colonialista que se alastra nas figuras do pânico, da depressão, da precariedade e humilhação comandados por uma política baseada no regime mundial da necroeconomia, e esta, a sua vez, é regulada pelas leis gerais da
competência (Berardi, 2019). Não é sobre isso, sobre esse estado moral, físico e concreto que afeta diretamente nossos corpos que este livro, no conjunto fragmentário de seus textos, se debruça.
Sua linha, que se quer inventiva, corre pelos intervalos, ajustase às vagas, para alinhavar ou entrar de um modo absorto, às suas potencialidades e seus fluxos de fuga. Seu intento é o de
produzir, especulativamente, um horizonte de possibilidade. Se há competência em perspectiva é a da constituição, didática e curricular, derivada da investigação de um sentido encantatório.
Sentido este produzido das aproximações físicas e efeitos de indução que emanam das experimentações de pesquisa-docência irmanadas ao propósito ordinário das palavras. (Rey, 2002)

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