O Adoecimento Somático em Ferenczi, Groddeck e Winnicott: uma Nova Matriz Teórica
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Autor(es): Santos, Lucas Nápoli dos ; Peixoto Junior, Carlos Augusto
A matriz teórica proposta por Pierre Marty e outros analistas da Escola de Psicossomática de Paris (EPP) é, atualmente, o modelo hegemônico de abordagem do adoecimento somático em Psicanálise. Tal matriz está alicerçada na hipótese de que a doença orgânica estaria associada a uma insuficiência da capacidade de elaboração psíquica. Sándor Ferenczi, Georg Groddeck e Donald Winnicott formularam concepções sobre o adoecimento somático que não se coadunam com o modelo francês. O objetivo deste artigo é cotejar as contribuições desses autores a fim de demonstrar que elas revelam a existência de outra matriz de compreensão do adoecimento somático em Psicanálise. Foi realizado um estudo teórico-conceitual por meio da análise de alguns textos dos três autores que tratam direta ou indiretamente do adoecimento somático e das relações entre corpo e psique. A investigação evidenciou que os autores apresentam três principais pontos de convergência entre si: (1) uma concepção monista do indivíduo na qual corpo e psique são entendidos como expressões concomitantes de uma realidade integral; (2) a compreensão da psique não como uma máquina de descarregar excitações, mas como um movimento produtivo ininterrupto, que promove continuamente uma elaboração imaginativa do corpo; e (3) o entendimento de que o adoecimento é um fenômeno relacional, que só pode ser adequadamente compreendido à luz da história e do contexto atual do indivíduo. Esses três pontos constituem-se nos pilares de uma matriz teórica que, diferentemente da matriz francesa, enfatiza a complexidade do adoecimento somático e está alinhada com um modelo integral de cuidado em saúde.
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