O SER SEXUAL SÓ SE AUTORIZA POR SI MESMO E POR ALGUNS OUTROS
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Autor(es): Ambra, Pedro ; Silva Jr, Nelson da ; Laufer, Laurie
Pela constatação dos desafios colocados pelas teorias de gênero à
psicanálise, o artigo discute a reformulação da teoria da sexuação por meio da máxima,
enunciada por Lacan (1974, p. 187), “[...] o ser sexual só se autoriza por si mesmo e
por alguns outros”. Baseando-se nesse dizer, o texto explora a relação entre os polos
'alguns outros' e 'si mesmo' por meio do resgate de desenvolvimentos lacanianos
anteriores ao período de hegemonia estruturalista de sua obra. Em primeiro lugar, a
relevância de uma alteridade plural na estruturação subjetiva é discutida a partir da
análise de 'O tempo lógico', texto no qual o psicanalista concebe o advento do sujeito
como um processo indissociável da lógica de uma coletividade indeterminada.
Demonstra-se de que maneira o ato antecipado que parte do erro rumo à certeza é
central também em 'O estádio do espelho', em que a ideia da constituição de um si
mesmo é apresentada como uma unificação de caráter singular. Propõe-se, por meio
de uma discussão sobre o júbilo, da retomada da relação entre imaginário e real feita
por Lacan em 'A terceira' e da poesia de Fernando Pessoa, uma nova leitura da noção
de gozo do Outro, amparada por uma compreensão mais ampla da teoria da sexuação.
Conclui-se que tal releitura lacaniana da sexuação permite tomá-la na qualidade de
um processo que não só articula diversos períodos de seu ensino como coloca o
debate da psicanálise com questões de gênero em outros termos.
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