Papéis de gênero e divisão das tarefas domésticas segundo gênero e cor no Brasil: outros olhares sobre as desigualdades
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Autor(es): Picanço, Felícia ; Araújo, Clara Maria de Oliveira ; Covre-Sussai, Maira
A adesão ao modelo tradicional de família nunca foi uniforme. Estudos sobre famílias negras
nos EUA e no Caribe, por exemplo, mostram que as mulheres negras são menos propensas do
que as brancas a oficializarem o casamento, são menos dependentes dos seus cônjuges e, do
ponto de vista das atitudes, homens e mulheres afro-americanos tendem a ser mais tolerantes
com mães que trabalham e mais igualitários em relação aos papéis de gênero. As diferenças
são atribuídas aos constrangimentos socioeconômicos experimentados historicamente e às
saídas construídas para lidar com eles. E no Brasil? O artigo aplica modelos de regressão linear
múltipla para analisar os dados do survey Gênero, Família e Trabalho a partir das percepções em
relação aos papéis de gênero, às práticas de divisão do trabalho doméstico entre os membros do
casal e ao conflito na articulação trabalho reprodutivo (casa) e trabalho remunerado (trabalho)
segundo gênero e raça. Os resultados apontam que, em relação às percepções sobre os papéis
de gênero, as mulheres brancas são as mais igualitárias. Essa adesão cresce com a escolaridade
e diminui com maior número de filhos e presença de cônjuge. Já os homens negros são os menos
igualitários e essa assimetria é reduzida pela idade e maior número de filhos. Na divisão do
trabalho, os homens negros são os mais igualitários e a adesão à igualdade aumenta com a
escolaridade e com percepções mais igualitárias de papéis de gênero, enquanto as mulheres
negras reportam relações menos simétricas, mas a simetria cresce com a escolaridade. Quanto
ao conflito casa-trabalho, as mulheres negras declaram mais cansaço do que as brancas, mas
este se reduz com a escolaridade e a presença de cônjuge.
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