Paradigma Manicomial e Proibicionismo como Operadores da Guerra de Raças no Brasil
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Autor(es): Prado, Guilherme Augusto Souza
Este artigo relaciona o paradigma manicomial, relativo à assistência psiquiátrica,
à compreensão e ao manejo do campo da saúde mental, ao paradigma proibicionista, referente
ao porte, uso e à circulação de drogas, como duas séries de políticas e práticas sociais que
operam a guerra de raças que está na base do Estado brasileiro. Com isso, propomos uma
investigação arqueogenealógica acerca do emaranhado de condições de emergência das práticas
e objetos de saber-poder mobilizados por esses dois paradigmas, atentando ao caráter político
das verdades que as sustentam. Dedicamo-nos especialmente ao período entre o final do século
XIX e o começo do XX ao interrogar as dinâmicas de forças que constituem as práticas sociais e
seus efeitos de subjetivação, produzidos pela sujeição de corpos por meio de uma diversidade
de mecanismos morais, disciplinares, eugênicos, higienistas e biopolíticos que articulam
os anseios de modernização e produtividade do Estado brasileiro à gestão dos problemas de
saúde e segurança do país, colocando a pobreza, o vício e a doença como desdobramento
da sua constituição racial. Concluímos, por fim, que o conflito de raças aparece como fundo
intrínseco que se atualiza no cerne e a partir dos campos problemáticos da saúde mental e das
drogas, colocando como saída dos impasses sociais e políticos eliminar ou pelo menos diluir,
via miscigenação ou submissão para integração, o elemento físico e cultural do negro do Brasil.
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