Ressonâncias: relações entre música e pintura

Este livro nasce do desejo de vislumbrar caminhos pelos quais distintas modalidades artísticas, em especial música e pintura, podem assemelhar-se e evocar-se mutuamente. Há séculos, teorias e práticas que propõem interseções entre atividades artísticas exercem um fascínio em artistas visuais, compositores, filósofos, cientistas, críticos etc. Textos de artistas de várias épocas são testemunhos contundentes de que todas as formas de arte, mesmo as mais tradicionais, têm natureza impura, vão além dos sentidos para os quais se destinam prioritariamente. O que às vezes parece figura de linguagem ou vaga metáfora – em expressões como “o timbre aveludado do violoncelo”, “o som claro de um trompete”, “um acorde de cores dissonantes” – é, de algum modo, reflexo de algo que precede à razão e revela possíveis semelhanças, profundas, entre as diferentes modalidades artísticas e perceptivas. São também consequências de uma provável unicidade da percepção, ainda que os órgãos dos sentidos tenham suas vocações específicas.

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