Rodízio de postos em abate de bovinos: para além das dimensões físicas do trabalho
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Autor(es): Nascimento, Adelaide ; Messias, Iracimara Anchieta de
A norma brasileira NR-36, específica para indústrias de abate e processamento de carnes, indica a necessidade de implantação de rodízios de postos
para reduzir a exposição dos trabalhadores a constrangimentos físicos repetitivos e controlados por máquinas. Porém, estudos demonstram que os efeitos alcançados com essa implantação são geralmente inferiores ao esperado
e que a rotação sozinha não seria a solução para os problemas de saúde no
trabalho. Por meio de uma pesquisa empírica em um frigorífico de abate de
bovinos, o objetivo deste artigo é apresentar e discutir dimensões do trabalho
real consideradas relevantes para a saúde e segurança dos trabalhadores. Tais
dimensões constituem elementos importantes a serem considerados em projetos de implantação de rodízio de postos. A metodologia compreende entrevistas
coletivas com 16 trabalhadores voluntários divididos em 4 grupos. As técnicas
de grupo focal e de confrontação coletiva valendo-se de filmes da atividade
foram utilizadas. Os resultados evidenciam dimensões já conhecidas na literatura relacionadas aos constrangimentos físicos, competências necessárias,
ritmo de trabalho e falta de tempo para realizar um trabalho de qualidade.
Dados novos aparecem quanto às prescrições heterogêneas do trabalho que representam uma fonte de pressão psíquica em zonas do abate. Essas dimensões
organizacionais impactam a atividade individual e coletiva dos trabalhadores, assim como a saúde no trabalho. Do nosso ponto de vista, e corroborando
estudos internacionais, além das dimensões físicas do trabalho, aspetos organizacionais, humanos, estratégicos e pedagógicos devem ser considerados em
projetos de implantação do rodízio de postos.
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