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Sentidos atribuídos à felicidade por pessoas em situação de rua

Editorial: Repositório Universitário da Ânima
Licencia: Creative Commons (by-nc-nd)
Autor(es): Freitas, Leandro Araújo

A contemporaneidade é marcada por um zeitgeist onde “o caminho para a felicidade” estrutura-se mais no “ter” do que no “ser”. Apesar dessa lógica, onde a subjetividade é influenciada pelo que Sawaia classificou como uma inclusão perversa, existem pessoas que vivem em condições que divergem do que seria “previsto”. Enquanto a rua seria comumente considerada apenas como um “local de passagem cotidiano”, para essas pessoas é local de instalação e de permanência, ou seja, seu local de moradia; onde estão permanentemente à mercê da imprevisibilidade que tal condição implica. Então, será que quem quase nada tem pode ser feliz também? E o que seria felicidade para tais pessoas? Visando investigar os sentidos atribuídos à felicidade por pessoas em situação de rua, esse artigo teve por objetivos específicos a identificação das definições atribuídas à felicidade, a identificação da existência de fatores relacionados à materialidade nos sentidos atribuídos à felicidade, a identificação da existência de projetos de vida em tais sentidos, assim como a identificação do entendimento dessas pessoas quanto à implicação individual para a promoção da própria felicidade. Para coleta de dados foram realizadas entrevistas semiestruturadas com três participantes do sexo masculino que permaneciam, à época, nos arredores da praça central do município de Florianópolis. Essas entrevistas continham perguntas relativas tanto à caracterização e história de vida, quanto ao entendimento do que é felicidade e quais os fatores mais relevantes para sua promoção. A pesquisa indicou que os vínculos afetivos ocupam lugar de destaque, sejam os vínculos com a família, com amigos ou ainda com demais pessoas em situação de rua. Pretende-se, por meio desse artigo, ratificar a necessidade de atenção a essa população que segue “envolta” em um “véu de invisibilidade” que necessita ser desvelado por meio de ações que ultrapassem o assistencialismo e que estejam fundamentadas na promoção da autonomia, no resgate e fortalecimento de projetos pessoais, na valorização da dignidade humana e que mantenham observância aos direitos sociais constitucionais.

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