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Sentidos do uso da maconha na percepção dos usuários jovens universitários

Editorial: Repositório Universitário da Ânima
Licencia: Creative Commons (by-nc-nd)
Autor(es): Cavalcanti Spach, Ravi

As drogas são parte integrante da sociedade. A maconha desponta como principal droga ilícita de consumo, atrás apenas do álcool e do cigarro. Sua utilização inicia geralmente na adolescência, tendo apresentado elevado grau de dependência. Contudo, a discussão acerca da maconha é contraditória. Tal contradição envolve o fato de que, ao mesmo tempo que o consumo abusivo pode acarretar problemas, certas substâncias presentes na maconha apresentam efeitos terapêuticos comprovados. A psicologia, como ciência que estuda a subjetividade, pode contribuir para compreender como ocorrem as relações de uso e abuso de substâncias psicoativas. Para tal compreensão é necessário estudar os sentidos de uso na visão do usuário, pois é o usuário quem vivencia o uso cotidianamente e experimenta suas consequências. Nesta pesquisa buscou-se compreender os sentidos de uso da maconha para os usuários e, para isso, foram realizadas cinco entrevistas semiestruturadas com universitários, que tinham no mínimo um ano de uso de maconha. As entrevistas foram construídas visando compreender três dimensões de uso, sendo elas: trajetória de uso, vivência de uso e desdobramentos do uso. Quanto à trajetória de uso, a pesquisa revelou que a média de idade dos participantes para o primeiro uso ficou em 15 anos de idade. Os fatores motivacionais para o primeiro uso de maconha foram: curiosidade, familiaridade, inserção social e transgressão as regras. A vivência de uso revelou que o tempo de uso ficou entre oito a doze anos, com uma frequência de uso diária, segundo classificação da OMS (2005), considerada uso pesado da substância. A maconha é representada pelos participantes como instrumento para obtenção de prazer, relaxamento, criatividade, introspecção e ampliação da consciência. Foram relatados também pelos usuários, estados de preocupação, após o consumo de maconha. Por fim os participantes relataram que a visão do usuário pela sociedade é preconceituosa e associa o uso de maconha com criminalidade. Como medidas de prevenção, é possível pensar em um modelo educativo que apresente as drogas e a drogadição desde parâmetros científicos. As informações acerca dos sentidos de uso podem subsidiar intervenções mais eficientes, na medida em que revelam dados acerca da relação de uso de drogas, pelos próprios usuários.

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