“Toda vez quando eu entro na escola, eu sinto que vai vim coisa ruim”: o processo de patologização das questões escolares
Licencia: Creative Commons (by-nc-nd)
Autor(es): Rieg, Fernanda Karoliny Gonçalves
Em tempos atuais contemporâneos, a diferença é vista como um problema, tal qual atravessa diversas relações, dentre elas, aquelas estabelecidas no contexto escolar. Quando uma criança apresenta dificuldades em seu processo de escolarização seja por dificuldades na aprendizagem ou comportamentos considerados desviantes, é vista como alguém que falhou e frequentemente recebe algum diagnóstico que procura justificar essa diferença. Nesse sentido, esta pesquisa tem como objetivo central compreender as relações na família e na escola que atravessam o processo de (des)patologização das questões escolares, buscando compreender as relações estabelecidas no contexto familiar e escolar e as apropriações das crianças nestes contextos. A pesquisa contou com o protagonismo de duas crianças com oito anos de idade que participavam do Neaque (Núcleo de Estudos e Acolhimento às Questões Escolares), um território que tem como perspectiva a desconstrução dos diagnósticos, a fim de construir com a as famílias e escolas um olhar acolhedor. Para a obtenção dos dados, foram realizados dois encontros de grupo focal, além de entrevistas semiestruturadas realizadas com as respectivas mães e professoras. Tais dados foram categorizados e submetidos à análise de conteúdo, emergindo questões relativas ao contexto escolar e familiar que implicavam diretamente na percepção que as crianças estavam construindo de si. Destaco que o contexto escolar é visto e sentido pelas crianças com caráter negativo e quanto ao contexto familiar encontro nuances distintas, pois enquanto uma criança tem sua diferença acolhida e é potencializado, a outra vivencia um contexto repleto de violências e desvalorização das suas potencialidades. Nesse sentido, foi possível evidenciar fragmentos de duas crianças com mediações distintas nos contextos familiares e escolares em que uma encontrasse em processo de patologização das suas questões escolares e a outra em processo de despatologização.
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