Três formas de segregação urbana e racial em Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo
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Autor(es): Stoll, Daniela Schrickte
O artigo analisa três formas de segregação urbana presentes no romance Ponciá Vicêncio (2003), de Conceição Evaristo: nas favelas, nos presídios e nas zonas de prostituição. Argumenta-se que essa segregação não tem apenas caráter social, mas também étnico-racial e moral. Através das trajetórias de três personagens que se mudaram do campo para a cidade grande - Ponciá e Bilisa em busca de melhores condições de vida e Luandi à procura da irmã -, evidenciam-se essas separações no espaço urbano, em diálogo com o pensamento de Célia Maria Azevedo (1987), Luiza Bairros (1995; 2000), Sueli Carneiro (2001), Vera Malaguti Batista (2004), Marilena Chauí (2008), entre outros/as. Assim, percebe-se a segregação social e urbana de grupos como as prostitutas, a exemplo de Bilisa, que ficam restritas ao espaço da zona, dos negros encarcerados na delegacia onde trabalha Luandi, e das domésticas que, como Ponciá, descem o morro ou atravessam a cidade até a casa das patroas. Conclui-se que Conceição Evaristo denuncia, em Ponciá Vicêncio, a hierarquização dos espaços das cidades e a continuidade da lógica racista do período colonial após a abolição da escravatura, ao mesmo tempo que constrói personagens fortes e complexas que tensionam essas fronteiras.
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