Um Ubu para Chamar de Nosso: Ensaio sobre o Bolsonarismo
Licencia: Creative Commons (by-nc)
Autor(es): Wagner Honorato Dutra
Bruna Coutinho Silva
O objetivo deste ensaio é mostrar que o bolsonarismo é um dispositivo político-ideológico
que atua em consonância com processos sócio-políticos ancorados na subjetividade. Para
demonstrar a imbricação entre esses âmbitos, percorremos os territórios da filosofia, da
psicanálise e da literatura, articulando-os sistemicamente. O intuito é explicitar como
processos heterogêneos se organizam de modo a sustentar e a conferir eficácia à ideologia
bolsonarista. Para tanto, inicialmente, apresentamos a temática do grotesco em diferentes
problematizações ao longo da história, sobretudo na literatura, identificando como ela se
personifica nas relações políticas, sociais e nos modos de subjetivação. Em seguida,
analisamos as manifestações do mal no campo social baseadas em modalidades de gozo
típicas das sociedades capitalistas hipermodernas. Sugerimos que o imperativo do gozo,
fundamentado na agressividade, colabora para a sustentação do ódio ao outro, seja por sua
diferença radical, seja por sua semelhança assustadora. A partir daí, avaliamos como isso se
atualiza no bolsonarismo. Tentamos demonstrar a tese de que o grotesco, a violência e as suas
variações são fenômenos resistentes à domesticação, justamente por serem elementos
inerentes à condição humana.
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