“Viver dignamente”: necessidades e demandas de saúde de homens trans em Salvador, Bahia, Brasil
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Autor(es): Sousa, Diogo ; Iriart, Jorge
Este artigo discute as necessidades e demandas de saúde de homens trans, tema pouco estudado que, com frequência, interpela a construção de práticas
de cuidado em saúde para esta população. Foi realizada uma pesquisa qualitativa composta de observação participante e entrevistas semiestruturadas
com dez homens trans residentes em Salvador, Bahia, Brasil, em sua maioria
negros, heterossexuais e com idades entre 20 e 43 anos. A análise foi baseada
na antropologia interpretativa, articulada às críticas do pressuposto da interseccionalidade e da perspectiva decolonial. As necessidades e demandas de
saúde dos homens trans são organizadas em três aspectos: a despatologização,
a modificação corporal e os atendimentos ambulatoriais. Esses não são universais entre todos os homens trans e podem ser decorrentes de situações que
assinalam conflitos e pressões grupais. A ausência do processo transexualizador no estado e as barreiras no acesso à rede de atenção à saúde intensificam
o processo de mercantilização das suas demandas de saúde, em especial, as
modificações corporais. Conclui-se que a transfobia estrutural faz disparar
uma série de questões de saúde, ao mesmo tempo em que limita as possibilidades de obtenção de cuidado. A despatologização das vivências trans constitui
o eixo central com base no qual o cuidado deve ser pensado, relacionando-a a
mudanças culturais, políticas e sociais que impliquem a construção de uma
sociedade não transfóbica e incidam no bem-estar e reconhecimento dos homens trans.
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